sábado, 25 de agosto de 2012

Ninho de Cuco - Interpretação


Ninho de Cuco

O cuco é o mais mafioso dos pássaros. Não gosta muito de trabalhar e adora ocupar o ninho dos outros.
Foi assim que, um dia, um pardal muito bondoso, emprestou o seu ninho para o cuco e pediu que, em troca, ele ficasse por algumas horas tomando conta da ninhada toda.
Saiu. Quando voltou, encontrou o cuco numa zorra danada, bagunçando seus ovinhos:
- Quer dizer que eu lhe empresto o ninho e você faz essa bagunça?
Ao que o cuco respondeu:
- Eu estou retribuindo a sua hospitalidade. Nós, cucos, somos assim mesmo: só posso ser como sou.
O pardal, cheio de raiva, deu uma bicada no cuco, que, ofendido, disse:
- Mas o que é isso, amigo?
E o pardal respondeu:
- Essa bicada é tudo o que eu lhe posso dar, no momento. Sinto muito, mas nós, pardais, somos organizados, e você e seu ovinho vão ter que cair fora do meu ninho.
E o cuco, bagunceiro, foi baixar noutro terreiro: mais precisamente no buraco vazio de um relógio, onde, desde então, dá duro para sobreviver trabalhando em turnos de meia hora. Cuco-cuco-cuco!

(FRATE, Diléia. Histórias para acordar. Companhia das Letrinhas)

1. "Mas o que é isso, amigo?"
Na frase acima, a palavra grifada se refere ao
(A) cuco.
(B) pardal.
(C) relógio.
(D) ovinho.

2. Na frase "... encontrou o cuco numa zorra danada", a expressão grifada significa que o cuco estava
(A) fazendo pouco barulho.
(B) dormindo profundamente.
(C) chocando os ovinhos.
(D) desorganizando o ninho.

3. O título do texto é Ninho de Cuco porque
(A) o cuco se aproveita do ninho dos outros pássaros.
(B) o cuco constrói seu próprio ninho.
(C) o pardal dá seu ninho para o cuco.
(D) dentro de um relógio há um ninho de cuco.

4. O pardal brigou com o cuco porque o cuco
(A) não gosta de trabalhar.
(B) abandonou o ninho do pardal e foi para o relógio.
(C) bicou o pardal.
(D) bagunçou o ninho do pardal.


5. O que aconteceu ao cuco depois que foi expulso do ninho do pardal?

(A) Foi parar no terreiro.
(B) Foi para o seu ninho.
(C) Foi morar no relógio.
(D) Foi cantar no terreiro.


6. Na frase "E o cuco, bagunceiro, foi baixar noutro terreiro: mais precisamente no buraco vazio de um relógio...", qual a função dos dois pontos?

(A) Finalizar uma frase.
(B) Introduzir uma explicação.
(C) Interromper a frase.
(D) Destacar uma expressão.


Prova Saresp 2003






O nascimento do cuco
A mãe cuco deposita o seu ovo num ninho de outra espécie, que o tratará como qualquer outro dos seus ovos. A mãe de "acolhimento" não dá pela diferença. Como o cuco tem pouco tempo de gestação nasce antes dos outros ovos e, para ganhar espaço, expulsa-os do ninho. Os pais continuam a alimentar o cuco sem darem pela diferença. Quando o cuco atinge a maturidade, é já bastante maior que os seus pais adoptivos e sai do aconchego do ninho.
Não obstante a existência de alguns casos, embora raríssimos, de fêmeas de Cucos que criaram a sua própria prole, a principal particularidade da Família Cuculidae prende-se com o facto de se tratarem de aves que parasitam outras, que lhes incubam os ovos e lhes alimentam as crias. Só na Europa sabe-se que esta espécie parasita mais de 100 espécies de aves diferentes, embora cada fêmea se especialize numa espécie em particular.
Os Cucos são uma espécie promíscua, ou seja, as fêmeas e os machos acasalam com vários indivíduos. No início da estação, as fêmeas procuram activamente ninhos para parasitarem. Caso a estação já esteja adiantada, podem destruir a postura ou mesmo o ninho encontrado, para que o hospedeiro tenha que fazer uma segunda postura, abrindo assim uma nova oportunidade ao parasita. Uma vez seleccionado o ninho, a fêmea espera uma ausência dos progenitores para dele se acercar, pondo lá um ovo. Ao espalhar os seus ovos por diferentes ninhos, os Cucos asseguram uma maior probabilidade de pelo menos algum deles ter sucesso.
Os Cucos possuem patas bem adaptadas para poderem segurar-se bem em ninhos que não foram feitos para aves da sua dimensão e a casca dos seus ovos é particularmente resistente, para que possam ser largados de alto, sem se partirem. Após a postura, a fêmea de Cuco retira um dos ovos ou crias que já ocupam o ninho, e ingere-o. Frequentemente, os ovos dos Cucos assemelham-se no padrão aos das espécies que parasitam. A incubação demora 12 dias e, com apenas 8 a 10 horas de vida, as crias de Cuco expulsam do ninho os ovos ou as crias do hospedeiro, ficando este disponível para alimentar uma única cria, que muitas vezes ultrapassa a sua própria dimensão. Aos 19 dias de vida as crias de Cuco estão prontas para abandonar o ninho. Reproduzem-se pela primeira vez com um ou, mais frequentemente, com dois anos de idade


Os verdadeiros cucos, da família dos cuculídeos, têm uma característica singular: o parasitismo de criação. Como dois exemplos, temos o Cuco Canoro (Cuculus Canorus) e o Cuco Rabilongo (Clamator Glandarius). Ambos são depositados, ainda em ovo, em ninhos alheios. O Canoro quando nasce liberta-se da concorrência atirando os restantes para fora do ninho, crescendo assim rapidamente pela mão da "progenitora" que, no espaço de dias, ultrapassa em tamanho e envergadura. Usa e abusa daquela que é a sua fonte de matéria-prima para só a abandonar no momento em que o seu peso se tornou insuportável para o ninho, altura essa, em que se torna independente. O Rabilongo tem uma estratégia diferente: através das cores que exibe à nascença, consegue ser mais apelativo perante a "progenitora", sendo que esta o vai beneficiar com alimento e assim fomentar o seu crescimento. Sendo de outra espécie, irá crescer incomparavelmente mais que os seus "irmãos", até estes acabarem por definhar. No fundo, poder-se-á dizer que os sufoca com a sua dimensão, depois de ter recolhido uma série de benefícios resultante das suas cores exuberantes.




Por vezes nascem 2 cucos ao mesmo tempo e no mesmo ninho - de ovos postos por 2 fêmeas - e a luta pelo lugar acontece de uma forma muito mais violenta porque ambos são possantes e determinados, podendo ocasionar a morte dos dois por extenuação.




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